segunda-feira, 23 de março de 2015

Termodinâmica da iniciativa

Quando eu escrever um tratado filosófico desses alicerçados em grandes princípios, certamente vou discorrer sobre a grande assimetria entre força disponível e uso dela. Ainda não estou seguro quanto aos termos. Poder e ação. Capacidade e deliberação. Sejam os termos que forem: a ação tende a ser naturalmente menor que o potencial para a grande maioria dos seres. Para uns poucos deles, a ação é desproporcionalmente maior do que a força potencial. Penso aqui num vaqueiro tocando a boiada. Dois, três vaqueiros no máximo. E cento e cinquenta bois vão obedecendo, deixando seus caminhos serem ditados. Quem é mais forte? Um boi sozinho já é muito mais robusto do que o cavalo em que está o boiadeiro. O boiadeiro então, coitado, é o mais fraco de toda a história. Essa assimetria de poder e ação gera o que chamamos de submissão, muito embora o conceito de submissão deva de algum modo tratar também de vontades e desejos. E, que fique claro, não estou aqui preocupado apenas com boiadas e vaqueiros. Penso em última análise em nossa sociedade. Cheia de boiadas obedientes e de uns quatro ou cinco exibidos barulhando em seus berrantes.

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