domingo, 1 de março de 2015

Culpas

Amigo, vou falar com sinceridade. Essa responsabilidade não é sua. Somos todos adultos. Sim, a empresa é sua e os funcionários são seus. Mas estávamos a lazer. Lazer é lazer, não é trabalho. E digo de novo: somos todos adultos. Todos bebemos. Nenhum de nós exigiu a direção no lugar dos mais bêbados. Todos deixamos a coisa acontecer como aconteceu. Não nos alertamos pelas derrapadas que quase deram em besteira. Ao invés disso, rimos. Todos juntos, rimos. Não foi só você. Sim, você conhece a equipe, conhece o perfil de cada um. Mas isso não lhe faz mais responsável. Álcool e é álcool e eu não preciso ser um especialista em álcool ou especialista no perfil de cada um para ser mais responsável que você. Eu também deixei que o Léo dirigisse. Deixei que a coisa toda se passasse como passou. E só me senti realmente errado quando o carro já estava ali sobre a grama, de ponta cabeça. Aquele estrondo acorda a gente. Ainda bem que a porta abriu. Que tiramos vocês de dentro. Ainda bem que parou mais gente na estrada. Que ajudaram a quebrar a janela. E esta responsabilidade não é toda sua. É sua na mesma medida em que é minha, do Léo e de todos nós outros. Não aceito dizer "acontece" para diminuir nossa culpa. Praticamente imploramos para que esta pequena tragédia acontecesse. Já me imaginei em cadeira de rodas. Já me imaginei sem poder nem mesmo mexer as mãos para escrever, para virar uma página numa tarde inválida e longa. Não sei como isso não aconteceu. Sorte das sortes. Mas as sortes têm sua cota. Erramos todos. Faça um favor pra todo mundo e divida essa responsabilidade conosco, porque precisamos todos das lições desse erro.

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