terça-feira, 17 de março de 2015
Meu avô
Foi meu avô que saiu da cidade dele primeiro. Comprô uma fazenda onde não tinha nada. Ele que derrubou a terra lá. Não tinha desses tratores. Não tinha essas máquinas todas pra jogar a semente. Era tudo no braço. E braço quem tem é gente. Chegava caminhão com as sacas de semente, e lá ia a peãozada toda carregar tudo na cabeça. Hoje tem empilhadeira. As coisas vêm nessas caixas grandes. Uma tonelada. Duas. Cinco. A empilhadeira dá conta. Duas pessoas. Uma dirigindo ela e outra monitorando se tá tudo bem travado, bem encaixado. Não foi fácil não. Mudar de uma época pra outra. Meu vô derrubou muita árvore pra plantar tudo que plantou. Pra dar espaço pra esse gado todo andar. E aí a gente vai pra cidade e vê o povo falando de desmatamento. Desmatamento é só se for pra roubar madeira, sabe? O que meu vô fez não foi desmatamento não. Sem essas fazendas, o povo ia comer o quê?
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