Falei ontem com a Milena, e-mail gigante. Tinha já muito tempo que não falava com ela. Contei da vida aqui, distante. Ela contou de lá, dos últimos anos. Vou dividir seus segredos aqui, já que os nomes e detalhes estão em realidade preservados. O namorado da Milena trabalha demais. Empresa multinacional, dessas gigantescas. Horários complicados, não é sempre que conseguem namorar. Estavam já há um tempo com a data do motel marcada para aproveitar todas as brechas (da agenda mesmo, nada de trocadilhos infames aqui). Até que quando o dia chegou, o clima simplesmente não esquentava. O cara parecia não estar a fim, ela parecia estar se cobrando demais. Foram embora. À noite, tentando contato com ele, o encontrou em casa, num estado estranho entre nervoso e chorando.
-Saí daí e fui pra um puteiro, queria provar pra mim mesmo que o problema não era comigo, queria me sentir capaz. Mas fui roubado. Pararam do lado do carro, arma na cabeça e tudo, levaram celular, dinheiro, o carro. Liguei para casa de um orelhão que tinha ali perto.
Milena prosseguiu nos detalhes de como foram as conversas subseqüentes. De como ela chorou. De como ele se explicou.
Hoje procuram apartamento para comprar e continuar construindo a vida juntos. Ela diz para mim que confiança é uma coisa complicada. Algo que deveria ser fundamental mas que não é fácil de recuperar, de reconstruir, como gostaria. Ela perdoou. E eu aqui, lendo a história, me perguntando se este perdão é mais sintoma de uma qualquer grandeza de caráter ou de carência de auto-estima.
quarta-feira, 11 de março de 2015
Dois lados...
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