-Ixe, que o que eu gosto mesmo é de viajar viu.
-Topa emprego diferente só pra conhecer outros lugares, né?
-Rapaiz! Olha que de lá do sul de onde nasci já fui parar foi até lá pros lados de Rondônia!
-É mesmo? Que coisa! E o que achou de lá?
-Horrível. Um lugar onde não quero voltar nunca mais.
-Por quê?
-Terra de ninguém, cê tá é louco! Trabalhava no trator e tinha um caboclo da fazenda que ficava do lado com um revólver, tinha que trabalhar assim!
-Tá brincando! Tinham medo do que? De você roubar o trator? Ou de não fazer o trabalho direito?
-Não, não é isso não! O revólver lá não era pra mim não. Era como se fosse meu guarda-costas, cê tá entendendo? Porque si vinhessem os pistoleiros da outra fazenda, aí sim é que eles ia atirá.
-E por que os da outra fazenda iriam vir?
-Oxê, pra que... pra que... Pra pegar as terras! Lá é terra de ninguém, de grileiro. Camarada falou que a terra é dele, se tiver mais chumbo é dele sim. É assim que é. Camarada incomodou, apaga. Camarada tá pegando terra que você quer pra você, apaga o cabra. Assim que funciona pros lado de lá. Inté hoje. Fiquei três mêis e saí inquanto tava vivo. Oxe rapaiz... quero é continuar vivo viu, aquilo ali né pra mim não sô...
quinta-feira, 5 de março de 2015
Rondônia
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