"Nasci nos anos quarenta. Fui criada aprendendo que todas minhas escolhas já haviam sido decididas por outras pessoas, e que era polido e correto concordar de modo cortez. Depois chegou em minha pequena cidade o movimento feminista. Propunham esse outro modo de ver um mundo. Eu tinha uma individualidade e era possível exprimí-la. Era inclusive correto e desejável exprimí-la. Fui fazer teatro e por décadas tive que lidar com esse sentimento de culpa ambivalente. Quando eu me comportava de modo mais manso pensava "É assim que uma pessoa normal se comporta, estou apenas mostrando respeito e educação", mas era invadida pela culpa de negar a mim mesma. E quando finalmente conseguia me exprimir, pensava "essa sou eu, tenho meu espaço no mundo e direito de ser eu mesma", mas era invadida pela culpa de negar a educação da minha família, o sonho dos meus pais e todas as minhas noções de respeito."
terça-feira, 17 de março de 2015
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