domingo, 29 de março de 2015

Grilhões

Qual a fronteira entre responsabilidade e escravidão? Conheci a Cássia e tive o prazer de longas conversas com ela, ainda que poucas vezes. Uma pessoa que vive em um outro mundo. Completa em breve vinte e cinco anos. Já dirige uma das indústrias do pai. "Ele é assim. Joga as coisas na nossa mão e diz 'se vira!'. Fiz muita besteira no começo, mas aprendi muito também. Perdi algum dinheiro, mas rapidinho a gente aprende a se virar." Pergunto sobre férias. "Ah, agora isso não existe. Chego a fazer algumas viagens, mas não dá para ficar mais de quatro ou cinco dias longe. E já teve algumas vezes em que planejei viagens e de última hora tive que adiar. Perdi um bom dinheiro remarcando passagens e hotéis de última hora, mas fazer o que? Acontecem coisas. Problemas com um fornecedor. Um funcionário que se machuca. Uma máquina que dá um problema imprevisto." Escuto essas histórias com um maravilhamento ambíguo. Qual a fronteira entre responsabilidade e escravidão? Será que no futuro ela terá condições de delegar essa responsabilidade a outras pessoas e usufruir mais do pequeno império que possui?

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