Meu irmão tem um pequeno império.
De certo modo posso dizer que as origens nunca foram as mesmas. A mesma família, a mesma casa, os mesmos pais, é verdade. É verdade. Mas a diferença de idade produziu uma certa diferença de mundos.
Ele saia para andar sozinho com o carro, pelo quarteirão. E eu podia ficar em casa. Matando o tempo como podia. Imaginando como deveria ser legal andar de carro por aí. No futuro, quando meus pés também alcançassem os pedais...
Hoje meu irmão tem um pequeno império.
Empresas. Ele faz negócios. Vende um carro e compra outro. Vende uma empresa e compra outra. De tempos em tempos se mete em encrencas. Inventa um negócio novo e dá um jeito de arrumar tudo.
E eu continuo introvertido. De certo modo, meus pés nunca alcaçaram os pedais e eu continuo achando um jeito para me distrair.
Falando assim parece algo carregado de fatalismo e um certo rancor, mas não é verdade. Enganos da narrativa exagerada. Sou o que sou e gosto de ser assim. Hoje fico inquieto quando meu tempo é consumido demais por empreendedorices em que não vejo muito sentido. Quero ter tempo para ler. Para as minhas músicas. Para as minhas viagens contemplativas. Para andar pelo centro. Da pequena Analândia ou pela Avenida Paulista. Que seja.
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