sexta-feira, 9 de janeiro de 2015

Rivotril

Tenho saudades da Keren. A Keren está agora sei lá aonde. Essas pessoas não pertencem ao dia-a-dia de ninguém. São do mundo. Passam por nós como passa também a água ou o ar. Nos enchem de vida, uma vida fundamental ainda que sem hollywoodianismos. E depois vão sei lá pra onde, continuar seu ciclo incompreensível.

"Menino Rivotril". Assim é que ela me chamava. Uma vez, revelando filmes na sala escura da faculdade, achei que fôssemos nos apaixonar. Nossos sussurros se entendiam de um jeito, de um jeito! Aquilo era romântico. Ou quando fomos viajar pelo sul da amazônia. Conhecer como viviam os garimpeiros. Achei ali que iríamos ser mortos. Não é legal ser olhado com desconfianças por gentes de armas nas mãos.

Mas ela se dizia calma por minha causa. "Brigada, menino Rivotril". E isso me acalmava.

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