São Paulo não é uma das cidades mais bonitas do mundo: é um lugar lotado, barulhento, uma cidade que só serve para fazer dinheiro. Mas ainda assim descubro alguns encantos escondidos. Caminhar descendo a rua Augusta em um fim de tarde. Todo mundo saindo do trabalho, vivendo suas vidas, e você ali, à toa, andando sem horário, sem compromisso. Descobrir lá embaixo a Rua Avanhandava. Um lugar que nem parece estar em São Paulo, e isso talvez se deva à cara da Avanhandava ser tão genuinamente paulistana. De uma São Paulo que já não existe mais.
O sebo do Messias, de que tanto já ouvi falar. Com as putas zoadas ali na frente e os clientes que aparecem para negociar de tempos em tempos. Há uma poesia acontecendo ali. As putas ficam às costas da Catedral da Sé, mas estão entre as lojas de flores e ficam de frente para o Messias. Aliás, quando noto que o próprio Messias está fora da igreja, minhas dúvidas já começam a coçar.
Não vou concluir meus estudos em tempo hábil. Deveria ir ler os artigos. Os "papers". Deveria procurar um lugar para escrever. A escrivaninha de casa. Uma mesa em alguma biblioteca. O boteco no lado da república em que estou, lá na Santa Cecília. Aliás, a Santa Cecília... Lembra algumas cenas do filme "Ruas de Fogo", que passava no SBT quando eu era jovem. Já fui jovem.
São Paulo é uma cidade gigante. Mas em sua impessoalidade, em sua pressa para que tudo aconteça o quanto antes - o atendimento na padaria, as pessoas nas catracas do metrô -, encontro um espaço de paz. Esse espaço de estar sozinho ainda que estando rodeado por um mundarél de gente. Perdido por aí com meus pensamentos. Sensação nova para mim. Sensação ambígua. Cidade ambígua.
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