Nossa idade não é muito diferente. Ele é três anos mais velho.
Mas ele tem uma casa, uma esposa e uma filha. Coisas que eu não tenho.
Trabalha numa sala próxima.
E de repente, chega a enfermeira-chefe do ambulatório: "Ué, o Fred não fica aqui? Onde ele está?"
Levei-a até a sala dele. Ele estava debruçado sobre a mesa. Não seria uma simples dor de cabeça para motivar alguém a pedir ajuda diretamente ao ambulatório pelo número interno de emergências.
Eu ajudei a carregá-lo. Por duas vezes quase não se aguentou em pé. Estava suando, com o corpo quente, parecia saído de um forno a alguns segundos antes de derreter de vez. Colocamos o Fred na ambulância e eu fui junto, ajudar a retirá-lo.
E quando chegamos em frente ao ambulatório ele estava gelado. Frio frio frio. Olhar distante. Fala lenta. Seria uma queda de pressão neste calor infernal? Ataque de labirintite ou algo assim?
Depois a secretária me confessou, a boca pequena. Leucemia. Ele também tem leucemia. Toma uma tonelada de remédios. De tempos em tempos tem alguma crise.
Eu não sabia de sua silenciosa luta contra essa maldição. Tudo o que conheço é o sorriso intenso com que Fred cumprimenta todo mundo que vê, espalhando energia e otimismo por aí.
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