Gosto de visitar as pessoas. Todas as pessoas. Visitas inesperadas, melhor ainda. Com o tempo fui aprendendo a diferenciar aquelas casas que recebem bem a surpresa e aquelas em que sou um visitante não anunciado, um incômodo a romper com a rotina diária. Gosto mais, é claro, do primeiro tipo.
E fui aprendendo que há dois tipos de família. Há aquelas em que, quando você está na mesa da cozinha contando histórias da tua vida, deve tomar cuidado para sequer mencionar uma mulher, dizer que ficou com alguém na balada ou que teve um caso com fulana ou ciclana. Vão julgar. Não que achem um absurdo a prática de procurar companhias por aí. Mas não é assunto para o coração central da casa. Vão olhar feio. Responder com silêncios.
E há aquelas famílias em que o diálogo se passa mais ou menos assim. Você começa a história, tateando, vendo até onde pode contar as coisas.
-Sabe quem eu fui ver ontem, de novo?
-Não, quem?
-A Michele.
-Olha só! Tá comendo?
Daí a mãe do meu amigo ri e responde:
-É claro que ele tá comendo! Acha que foi encontrar com a mina pela terceira vez pra falar de Big Brother? Ver o que ela achou do terrorismo na França? Ah, acorda né Rafael!
Famílias italianas. Adoro famílias italianas.
Nenhum comentário:
Postar um comentário